quarta-feira, 19 de agosto de 2015

MENINAS

Juliana Graziella Martins Guimarães
Cláudia Roquini

     Documentário dirigido por Sandra Werneck retrata a vida de quatro meninas grávidas na adolescência, que aprendem a dura realidade da vida adulta muito cedo, tendo que conviver com dificuldades e desafios que aparecem nessa difícil fase da vida. A gravidez na adolescência é uma realidade no Brasil, onde os números têm aumentado cada vez mais.
     A cineasta acompanhou durante um ano a vida dessas quatro meninas, numa favela do Rio e percebeu que a gravidez na adolescência pode ser desejada sim, mesmo que isso perpasse a questão da consciência e da sexualidade. Essas meninas, desde cedo assumem muitas responsabilidades dentro de casa, tendo de dividir os estudos, cuidar da casa dos pais e criar os irmãos menores.
    Percebe-se então que o problema da gravidez na adolescência vai muito além da falta de informação, que todos acreditam que as classes mais baixas não possuem. Muita dessas meninas já tem conhecimento quanto ao assunto, e até acesso aos preservativos gratuitos como no próprio documentário consta. Na verdade é possível perceber, que nas classes sociais mais baixas as crianças deixam aquele universo infantil mais cedo para ajudar os pais que precisam sair para trabalhar. Nas classes sociais mais altas, a gravidez na adolescência também é encontrada, porém em algumas situações as meninas abortam por terem planos de cursarem faculdade, ter destaque profissional, por opressão dos próprios pais e acabam sendo sonhos que muitas vezes não fazem parte da realidade da população de baixa renda. Sendo assim é possível perceber que a gravidez na adolescência não é um problema das classes sociais mais baixas, mas é mais comum nelas. No documentário você vê envolvimentos das pessoas com o mundo do crime, meninas que aos 13 anos já estão viúvas.
     A presença das famílias, mães, avós é muito marcante no documentário. Vendo as dificuldades enfrentadas por estas no sustento da família, é possível perceber que somos realmente um produto de nossas famílias. Na maioria das entrevistas com as mães, elas ressaltavam que o seu sonho era um futuro melhor que os delas. Queriam ver suas filhas estudando e planejando uma vida melhor do que a realidade vivenciada por elas nesse momento, em que elas necessitam ter uma postura como esposas e mães, onde de fato deveriam estar brincando, estudando.
      O assunto é bem delicado e envolve uma série de questões complexas relacionadas a programas de governo, planejamento familiar, questões religiosas dentre outras. O que se destaca é que não basta o governo criar programas e distribuir métodos contraceptivos como pílulas e preservativos, se este não dá condições de sustento mais digno às famílias, para que essas possam desempenhar melhor o seu papel, sendo os pais e as mães mais presentes na criação dos seus filhos e de suas filhas.
  
*A menina das fotos se chama Evelin, tem 13 anos, engravidou de um namorado de 22 anos que acabou de sair do tráfico de drogas, passado algum tempo das gravações ela ficou viúva.






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