segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

AS CONCEPÇÕES DE GÊNERO E AS CONSTRUÇÕES SOCIAIS DAS MASCULINIDADES E FEMINILIDADES A PARTIR DOS VÍDEOS “MINHA VIDA DE JOÃO” E “ERA UMA VEZ OUTRA MARIA”

Por: Giane Maria Costa Pereira
Marco Polo Amaral

A separação dos gêneros, a visão e conceitos do que são as atribuições, comportamentos e estereótipos do masculino e do feminino estão presentes em nossa cultura onde, historicamente, as mulheres foram as responsáveis por desempenhar funções ligadas à sua condição biológica de gerar. Como poderiam dar a luz, amamentar, ficaram encarregadas do cuidado com a prole, além do carinho e da demonstração de afeto. Ao homem coube o desempenho de outras funções que não as domésticas e aos cuidados com filhos e filhas.
Desde que nascemos somos educados/as para conviver em sociedade, porém de maneira distinta, caso sejamos menino ou menina. Esta distinção influencia, por exemplo, a decoração do quarto da criança, a cor das roupas e dos objetos pessoais, a escolha dos brinquedos e das atividades de lazer. (BRASIL, 2009 p. 48)
O vídeo “Era uma vez outra Maria” mostra como é a iniciação na vida doméstica e sexual  da maioria das meninas, que constitui ajudar a mãe a lavar, passar e cozinhar, estudar, arrumar um namorado, casar e ter filhos e filhas.
Maria gostava de futebol, mas nem por isso era menos feminina, porém sempre era apartada do universo masculino. No vídeo a vida de Maria não se dá da forma como ela havia planejado, pois engravida cedo e se vê as voltas com o filho, estudos e emprego. No final Maria não fica com João arrumando outro namorado construindo uma história de vida diferente da considerada socialmente ideal.
O vídeo “Minha vida de João” mostra como é a construção da identidade do gênero masculino, permeado por conceitos e concepções machistas, sofrendo influencia da relação do pai e da mãe, do alcoolismo na família, da descoberta da sexualidade, das relações de gênero, abordando ainda questões como o primeiro emprego, a gravidez inesperada da namorada, as doenças sexualmente transmissíveis e a paternidade.
No vídeo João quando fica sabendo da gravidez da namorada se embriaga, e os dois acabam brigando. Ameaçando bater em Maria, João se lembra de situação parecida ocorrida com o seu pai e sua mãe e rapidamente toma outra postura fazendo carinho em Maria aceitando sua condição.
            Nos vídeos estão sempre presentes as figuras do lápis e da borracha que apagam e desenham outras situações e ações para João e Maria, ou seja, representam as imposições que ainda há em nossas famílias e sociedade em geral sobre quais devem ser as características, modos de comportamento e todas as demais concepções idealizadas e ainda arraigadas sobre o feminino e masculino.
A figura do lápis nos dois vídeos poda o sentimento e vontades de ambos, substituindo pelo que é socialmente aceitável e esperado para o masculino e feminino, a exemplo das cenas em que Maria pensa em jogar futebol e o lápis apaga seus pensamentos e intenções colocando uma boneca em seus braços. Da mesma forma quando João começa a brincar com uma boneca e é substituída por uma arma de brinquedo.

“Minha vida de João”
“Era uma vez outra Maria”



REFERÊNCIAS
BRASIL. Gênero e diversidade na escola: formação de professoras/es em Gênero, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais. Livro de conteúdo. Versão 2009. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009.
“Minha vida de João” (23 minutos) (2001). Produção Jah Comunicações. Direção Reginaldo Bianco. Produtores: Instituto Promundo; Ecos Comunicação em Sexualidade; Instituto Papai; Salud y Género.
“Era Uma Vez Outra Maria” (20 minutos) (2001). Produção Jah Comunicações. Direção Reginaldo Bianco. Produtores: Instituto Promundo; Ecos Comunicação em Sexualidade; Instituto Papai; Salud y Género.

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