Por: Giane Maria Costa Pereira
Marco Polo Amaral
A separação dos gêneros,
a visão e conceitos do que são as atribuições, comportamentos e estereótipos do
masculino e do feminino estão presentes em nossa cultura onde, historicamente,
as mulheres foram as responsáveis por desempenhar funções ligadas à sua
condição biológica de gerar. Como poderiam dar a luz, amamentar, ficaram
encarregadas do cuidado com a prole, além do carinho e da demonstração de
afeto. Ao homem coube o desempenho de outras funções que não as domésticas e
aos cuidados com filhos e filhas.
Desde
que nascemos somos educados/as para conviver em sociedade, porém de maneira
distinta, caso sejamos menino ou menina. Esta distinção influencia, por
exemplo, a decoração do quarto da criança, a cor das roupas e dos objetos
pessoais, a escolha dos brinquedos e das atividades de lazer. (BRASIL, 2009 p.
48)
O vídeo “Era uma vez
outra Maria” mostra como é a iniciação na vida doméstica e sexual da maioria das meninas, que constitui ajudar
a mãe a lavar, passar e cozinhar, estudar, arrumar um namorado, casar e ter
filhos e filhas.
Maria gostava de
futebol, mas nem por isso era menos feminina, porém sempre era apartada do
universo masculino. No vídeo a vida de Maria não se dá da forma como ela havia
planejado, pois engravida cedo e se vê as voltas com o filho, estudos e
emprego. No final Maria não fica com João arrumando outro namorado construindo
uma história de vida diferente da considerada socialmente ideal.
O vídeo “Minha vida de
João” mostra como é a construção da identidade do gênero masculino, permeado
por conceitos e concepções machistas, sofrendo influencia da relação do pai e
da mãe, do alcoolismo na família, da descoberta da sexualidade, das relações de
gênero, abordando ainda questões como o primeiro emprego, a gravidez inesperada
da namorada, as doenças sexualmente transmissíveis e a paternidade.
No vídeo João quando
fica sabendo da gravidez da namorada se embriaga, e os dois acabam brigando. Ameaçando
bater em Maria, João se lembra de situação parecida ocorrida com o seu pai e
sua mãe e rapidamente toma outra postura fazendo carinho em Maria aceitando sua
condição.
Nos
vídeos estão sempre presentes as figuras do lápis e da borracha que apagam e
desenham outras situações e ações para João e Maria, ou seja, representam as
imposições que ainda há em nossas famílias e sociedade em geral sobre quais
devem ser as características, modos de comportamento e todas as demais
concepções idealizadas e ainda arraigadas sobre o feminino e masculino.
A figura do lápis nos
dois vídeos poda o sentimento e vontades de ambos, substituindo pelo que é
socialmente aceitável e esperado para o masculino e feminino, a exemplo das
cenas em que Maria pensa em jogar futebol e o lápis apaga seus pensamentos e
intenções colocando uma boneca em seus braços. Da mesma forma quando João começa
a brincar com uma boneca e é substituída por uma arma de brinquedo.
“Minha vida de
João”
|
“Era uma vez outra
Maria”
|
REFERÊNCIAS
BRASIL. Gênero e diversidade na escola: formação de
professoras/es em Gênero, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais. Livro de
conteúdo. Versão 2009. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009.
“Minha vida de João” (23
minutos) (2001). Produção Jah Comunicações. Direção Reginaldo Bianco.
Produtores: Instituto Promundo; Ecos Comunicação em Sexualidade; Instituto
Papai; Salud y Género.
“Era Uma Vez Outra Maria” (20 minutos) (2001). Produção Jah Comunicações.
Direção Reginaldo Bianco. Produtores: Instituto Promundo; Ecos Comunicação em
Sexualidade; Instituto Papai; Salud y Género.
Nenhum comentário:
Postar um comentário